sexta-feira, 30 de maio de 2008

AMBIENTE

Mais celulose: Os planos da Stora Enso
Plano para duplicar a Veracel entra na reta final - 29/05/08

Ligações: Netmarinha, Valor Econômico

Na estratégia de crescimento da gigante mundial do setor de celulose e papel, o grupo sueco-finlandês Stora Enso, que faturou 13,4 bilhões de euros no ano passado, o Brasil ganha cada vez mais um papel relevante. Isso trouxe ao país, pela primeira vez, o principal executivo da companhia, Jouko Karvinen, que está no cargo há 14 meses e comanda um profundo processo de reestruturação.

Karvinen esteve no país por dias dias e um deles foi dedicado a visitar a Bahia, onde está seu principal projeto de produção no país, a Veracel, fabricante de celulose de eucalipto. Detém 50% de participação na empresa, numa parceria com a brasileira Aracruz, dona da outra metade. O objetivo da viagem foi anunciar que foi tomada a decisão de fazer o estudo final de viabilidade para mais que duplicar essa fábrica, instalada no sul do Estado.

Karvinen evitou falar em tamanho e valor do investimento do novo empreendimento. "É muito cedo ainda; os estudos finais, que levarão de 12 a 15 meses, é que definirão isso", afirmou. Mas deu uma pista. "A nova fábrica da Aracruz, no Rio Grande do Sul, está estimada em US$ 2,6 bilhões". É sabido no setor que o custo de instalação de uma tonelada fica na casa de US$ 2 mil, o que resultaria numa fábrica de 1,3 milhão de toneladas.

A Veracel - que custou US$ 1,2 bilhão - produz mais de 1 milhão de toneladas de celulose por ano. Começou a operar em 2005, com 900 mil toneladas, mas esse patamar já foi rompido além de 10%. "Fomos anunciar nossa decisão ao governador da Bahia, mas dependemos também de um ponto importante - o licenciamento ambiental", afirmou o executivo. Ele admitiu que é uma questão crítica, que foi um dos temas da conversa com o governador baiano, mas que a licença, em si, não preocupa. "Temos de seguir as leis do país".

Essa licença abrange também a área de plantio de novas florestas de eucaliptos, fundamental para erguer a nova fábrica, observou Karvinen. Hoje, a Veracel conta com 88 mil hectares próprios de florestas plantadas e outros 16 mil de parceiros na região. Para assegurar a matéria-prima da segunda linha, terá de contar com pelo menos mais 70 mil hectares.

Para o executivo, a Veracel II tem de ser um bom projeto - eficiente para garantir o retorno esperado do capital investido - porque ele concorre em recursos humanos e financeiros com outros na China (este já em estágio bem avançado) e na Rússia. Além desses, o grupo tem planos de uma nova fábrica no Rio Grande do Sul e outra no Uruguai.

A unidade gaúcha enfrenta, no momento, o problema de suas terras para plantio de eucaliptos encontrarem-se na chamada zona de fronteira com o Uruguai. Pelas leis brasileiras, não é permitido que companhias estrangeiras instalem projetos nesse espaço. A Stora Enso busca uma solução para o caso junto ao Incra e ao Conselho de Defesa Nacional. Enquanto isso, já plantou 9 mil hectares e começou outros 10 mil neste ano em áreas em nome de terceiros. Admite que isso irá atrasar o projeto.

Desde que assumiu o cargo, Karvinen já se desfez de ativos nos Estados Unidos (ficou só com 20% de participação), fechou fábricas antigas e de alto custo na Suécia e Finlândia e vendeu o negócio de distribuição na Europa. "Se acham que essas mudanças e outras foram um tanto puxadas, não viram nada ainda", disse, sinalizando que ele dará um choque profundo na companhia. A Stora Enso é resultado da fusão, em 1998, da estatal finlandesa Enso com a empresa privada sueca Stora.

Essa união formou um grupo que hoje tem capacidade para fazer 13,1 milhões de toneladas de papel e cartão , além de produtos serrados de madeira, com presença em 40 países. O desafio agora é melhorar os resultados da empresa. "Eles ainda não aceitáveis". Hoje, ele enfrenta o problema do dólar fraco frente ao euro e a elevação de custos da fibra obtida com madeira russa, encarecida com imposto de exportação.

Projetos mais competitivos em custos, como os do Brasil, farão parte da plataforma futura da empresa, suprindo com celulose suas fábricas de papel na Europa. Karvinen destacou: "Uma fábrica como a Veracel, além do baixo impacto ambiental tem um dos mais baixos custos de produção do mundo"

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quinta-feira, 29 de maio de 2008

AMBIENTE

ATO EM DEFESA DO BANHADO E DOS MORADORES

A comunidade do Jardim Nova Esperança, e todos os moradores residentes no entorno do Banhado com o apoio da Central de Movimentos Populares, Associação de Favelas de São Jose dos Campos, Núcleo de Meio Ambiente da CMP, Fórum Permanente em Defesa da Vida e Núcleo Regional do Plano Diretor realizarão uma caminhada pelo centro e um Ato Publico na Praça Afonso Pena, visando marcar a abertura da Semana do Meio ambiente neste sábado dia 31/05/08. A atividade além de lembrar a importância do meio ambiente para a vida irá, marcar um protesto em DEFESA DO BANHADO, Contra a Construção de uma via expressa no Banhado – prolongamento da Via Norte – (projeto pretendido pela prefeitura municipal com financiamento do BID) e em defesa da permanência dos moradores no Banhado.

É importante ressaltar que no ano de 2005 com o processo do licenciamento de ampliação da REVAP Petrobrás, a empresa destinou uma verba de cerca de 9 milhões como compensação ambiental para investimento no Banhado, sendo no entanto a pré condição do investimento com a retirada dos moradores que lá residem desde 1930. Ressalte-se que embora defendido pela administração municipal, essa pré condição da retirada dos moradores foi rejeitada por todas as entidades ambientalistas que tem assento no Conselho Estadual do Meio Ambiente, durante a reunião do CONSEMA que aprovou o licenciamento da ampliação Revap/Petrobrás no referido ano.

Os moradores e as entidades ambientalistas e de movimentos populares que apóiam o movimento entendem que a retirada dos moradores que hoje residem no Banhado é totalmente inviável, uma vez que estes estão perfeitamente assentados em sintonia com o ecossistema local, portanto não estão efetuando nenhum processo de degradação na área pelo contrario tem ajudado a preservar o ecossistema local, através de diversas gerações que passaram pelo local, inclusive alguns herdeiros de negros Quilombolas.

Outro aspecto é que os moradores atualmente em sua maioria residem em área de servidão dos trilhos da antiga Rede Ferroviária Federal, portanto área de propriedade Federal, passível de assentamentos de moradias populares. Outro aspecto que as entidades defendem é que na realidade a administração publica municipal ao invés de investir junto a comunidade nas atividades de educação ambiental, no saneamento básico, na ampliação do plantio orgânico, ressalte-se que no local existem diversos cultivos e criação de animais há mais de 20 anos, na contramão retira equipamentos públicos instalados no local em outras gestões municipais, ressalte-se o exemplo da Escola Infantil, posta da guarda municipal e UBS que foram retirados de operação nas ultimas gestões tucanas. Portanto a administração municipal deveria investir em mais equipamentos públicos, urbanizar e dar condições dignas de moradias aos que lá residem.

A moderna gestão sustentável de áreas de preservação ambiental defende a interação das comunidades tradicionais junto aos parques e áreas de conservação, inclusive com a pratica da exploração sustentável de florestas, na ajuda de vigilância e fiscalização destas áreas, bem como no aproveitamento do conhecimento destas comunidades no aproveitamento de plantas medicinais, cultura e folclore tradicionais. Bem como na instalação de estações ambientais, no aproveitamento de jovens da comunidade como guardas-parque e guias para a pratica de pesquisas e no eco-turismo ambiental. A aplicação deste método de gestão ambiental inclusive ajuda a limitar a ocupação desenfreada e a urbanização das comunidades tradicionais.

Portanto a retirada dos moradores locais e a construção de via expressa no local são totalmente incompatíveis com a preservação do Banhado, porque são vetores de especulação imobiliária na área.

É necessário lembrar que ocupações da várzea e do Banhado por loteamentos de alto padrão, sequer são discutidos sob o ponto de vista de sua ocupação irregular e, portanto sua retirada ou seja não tem o mesmo tratamento por parte do Poder Publico Municipal, ressalte-se a ocupação do Banhado pelo Condomínio Por do Sol e mais recentemente pela obra da Construtora Oliveira Roxo as margens do Rio Paraíba, na Urbanova chamada de Condomínio Serimbura.

Portanto ressalte-se a grande importância da realização deste ato em defesa do Banhado e dos moradores na semana do meio ambiente.

A defensoria publica vem acompanhando o caso dos moradores.

Data 31/05/08 – sábado, concentração no Nova Esperança – Banhado às 9horas e ato em frente a Câmara Municipal Antiga à partir das 10horas.

Contatos: CMP - Cosme Vitor - 1297097730

Forum Permanente - Prof. Moraes - 1239129609

Defensoria Regional SJCampos - Dr. Jairo - 1239423223/39422540

Contamos com o apoio e divulgação de todos.

Abraços,

Vicente Ciofffi

Conselheiro do Comam e membro da coordenação do Núcleo Regional do Plano Diretor Participativo

segunda-feira, 26 de maio de 2008

MOVIMENTO NA REVAP

Mobilização
Empreiteiras da Revap terão de acatar Ministério Público e negociar com Comissão de Trabalhadores


Ligações: Conlutas, Sindicato dos Metalúrgicos de São José dos Campos e Região


Empresas não aceitavam reivindicação da categoria, mas isso foi decidido, nesta quarta-feira, em audiência de conciliação no Ministério Público do Trabalho, na quarta-feira, 21.


O Ministério Público do Trabalho de São José dos Campos reconheceu a legitimidade da Comissão formada por trabalhadores da obra de ampliação da Revap, refinaria da Petrobras, que estão em greve desde o último dia 16.

Na audiência, o Ministério Público decidiu que o consórcio de empresas responsável pela obra deve negociar com a Comissão de Trabalhadores e o sindicato da categoria durante este feriado.

A obra de ampliação da refinaria está 100% parada, com a greve dos cerca de 10 mil trabalhadores. Eles reivindicam a negociação do reajuste salarial da categoria, cuja data-base é agora em maio.

A expectativa é que uma proposta seja apresentada na assembléia que será realizada na próxima segunda-feira, dia 26, às 8h30.

A Comissão de Trabalhadores foi eleita pela assembléia, é composta por trabalhadores da obra e está sendo assessorada pela Conlutas (Coordenação Nacional de Lutas).

Desde o início da mobilização os trabalhadores têm reforçado o apoio à Comissão e à Conlutas, pois eles não reconhecem o Sindicato da Construção Civil (ligado à CUT), que nada fez na campanha salarial e abandonou a greve.

“Esta negociação foi importante porque o Ministério Público do Trabalho reconheceu a legitimidade da comissão e da Conlutas, que foi escolhida pelos trabalhadores e tem compromisso na defesa das reivindicações da categoria”, afirmou o membro da coordenação regional da Conlutas, José Donizete de Almeida.

Questões Ideológicas

Desemprego e precarização: um grande desafio para a esquerda

Ligações: Movimento Esquerda Socialista, Resistir.info, Zurdo-Zurdo, Vinculando.org, Fundação Lauro Campos,

Introdução

Escolhi este assunto para a nossa discussão por duas razões principais. Primeiro, porque a questão afeta todas as cambiantes da esquerda. Pois no nosso tempo nenhuma secção da força de trabalho pode considerar-se imune à desumanizante dureza do desemprego e da precarização. De fato "eventualização" ("casualisation") é mais apropriadamente chamada em algumas línguas de "precarização" ("precarisation") , embora em geral seja tendenciosamente mal representada como "emprego flexível" desejável. Uns poucos meses atrás uns 25 mil empregados do Wesminster Bank tiveram de enfrentar a perspectiva do desemprego (redundancy); hoje os trabalhadores da empresa automobilística Rover - uma parte da bancarrota da orgulhosa corporação transnacional BMW - são lançados aos lobos da insegurança total. A questão não é se o desemprego ou a "precarização flexível" vai ameaçar as pessoas ainda empregadas mas sim quando elas irão partilhar as agruras da precarização forçada. A segunda razão principal para nos preocuparmos com esta questão é porque ela representa um inultrapassável problema estrutural para o capital. Assim, é impensável que a esquerda possa desenvolver uma estratégia viável para o futuro sem dar um lugar central à questão vital do desemprego e da precarização.Tenciono hoje considerar três aspectos principais daquilo que está em jogo.

1- A "globalização" do desemprego e da precarização, afetando mesmo as partes do mundo capitalisticamente mais desenvolvidas.

2- O mito da "flexibilidade" com o qual a pílula amarga é coberta de açúcar. Pois do que estamos a falar é de fato a grave tendência socioeconômica da equalização descendente (downward equalisation) da taxa de exploração diferencial.

3- A única solução factível para os problemas que enfrentamos é abandonar as trocas socioeconômicas reguladas pela submissão à tirania do "tempo de trabalho necessário" (também chamado "trabalho necessário") para a emancipação através do "tempo disponível" como a alternativa positiva ao modo de reprodução social metabólica do capital.

Como ponto de partida, podemos considerar a questão da redução da semana de trabalho para 35 horas a qual, não por acaso, veio a apresentar-se nos últimos tempos.

Parte I ─ A "globalização" do desemprego


Socialistas em vários países europeus - assim como na América do Norte e do Sul - estão a combater pelo objetivo de reduzir o tempo de trabalho para 35 horas por semana sem perda de pagamento. Esta importante reivindicação estratégica não está de forma alguma livre de dificuldades. Pois ela destaca tanto os prementes problemas do desemprego por todo o mundo como as contradições do sistema socioeconômico que, por sua própria perversa necessidade, impõe a incontáveis milhões as dificuldades e os sofrimentos que decorrem do desemprego. Assim, o combate pelas "35 horas de trabalho" não pode ser uma reivindicação sindicalista tradicional, confinada aos mecanismos há muito estabelecidos das negociações salariais. Ao contrário, tem de estar plenamente consciente não só da magnitude da tarefa e das implicações a longo prazo das questões em causa e também da inevitável resistência tenaz da ordem socioeconômica, a qual deve seguir os seus próprios imperativos a fim de anular qualquer concessão que possa ser feita na esfera legal/política sob condições temporariamente favoráveis aos sindicatos e aos seus representantes políticos à esquerda. Compreensivelmente, portanto, na Itália por exemplo, o partido da Rifondazione no seu modo de levantar o problema simultaneamente sublinha a preocupação com o aumento do emprego e da melhoria das condições de vida ("per l'occupazione & per migliorare la vita") e a necessidade de mudar a sociedade ("per cambiare la società") a fim de assegurar o objetivo desejado de abreviar o tempo de trabalho numa base viável. Pois o êxito final neste assunto só é factível através de uma troca sustentada - uma reciprocidade dialética - entre o combate pelo objetivo imediato do tempo de trabalho reduzido significativamente e a progressiva transformação da ordem social estabelecida, a qual não pode contribuir para resistir e anular tais reivindicações. Aqueles que negam a legitimidade destas reivindicações, exaltando em alternativa as virtudes do seu querido sistema, continuam a idealizar o modelo americano para resolver o problema do desemprego bem como todos os males sociais inseparáveis do mesmo. Ainda assim, um exame rápido do estado real dos negócios revela que as confortáveis idealizações dos EUA pertencem ao reino da fantasia. Pois, como enfatizou um editorial de The Nation :

"A taxa de pobreza no último ano, 13,7 por cento, era mais elevada do que em 1989, apesar de sete anos de crescimento quase ininterrupto. Aproximadamente 50 milhões de americanos - 19 por cento da população - vive abaixo da linha nacional de pobreza. Aqueles na pobreza incluem uma em cada quatro crianças abaixo dos 18 anos, um em cada cinco cidadãos adultos e três em cada cinco famílias monoparentais. Em dólares constantes, os rendimentos médios semanais dos trabalhadores caíram de US$ 315 em 1973 para US$ 210, enquanto os 5 por cento mais ricos ganhavam uma média de US$ 6440 (não contando seus ganhos de capitais). ... O número de americanos sem seguro de saúde mantinha-se em 40,6 milhões em 1995, um aumento de 41 por cento desde meados da década de setenta. Em 1995, quase 80 por cento dos não assegurados estavam em famílias onde o chefe da família tinha um emprego." [1]

É assim que aparece o róseo modelo americano desde que se esteja disposto a abrir os olhos. Podemos também acrescentar aqui um número mais significativo fornecido recentemente pelo Gabinete do Orçamento do Congresso dos EUA, não objetável nem mesmo para os piores apologistas do capital. Ele informa-nos que o rendimento dos um por cento mais ricos da população é equivalente àquele dos 40 por cento da base. E ainda mais importante: também se verifica que este número aterrador realmente duplicou nas últimas duas décadas, em conseqüência da crise estrutural do capital. Assim, nenhuma camuflagem cínica da deterioração das condições de trabalho, não importa quão ilusoriamente adulterada com a benção da "flexibilidade", pode esconder as sérias implicações desta tendência para o futuro da expansão e acumulação do capital. As estatísticas do desemprego podem, naturalmente, ser trapaceadas ou definidas e redefinidas de forma totalmente arbitrária não só nos EUA como em todos os países do assim chamado "capitalismo avançado". Na Grã-Bretanha, por exemplo, mesmo os apologistas profissionais do sistema do capital - os editores do London Economist - tiveram de admitir que os números do desemprego foram "revistos" 33 vezes pelo governo a fim de faze-los parecer mais apresentáveis. Sem mencionar o fato de que qualquer um que trabalhe 16 horas por semana na Grã-Bretanha é contado como se desfrutasse de um emprego a tempo inteiro. E, ainda mais surpreendentemente, no Japão - um país que até recentemente era saudado como um caso paradigmático de "capitalismo dinâmico avançado" - "qualquer um que efetue trabalho assalariado por mais de uma hora na última semana do mês deixa de ser incluído nas estatísticas de desemprego". [2] Mas quem pode ser enganado por tais artifícios de manipulação econômica e política? Pois não importa quão arranjada e tortuosa seja a adulteração do estado de coisas existente, o desafio potencialmente muito grave do desemprego não pode ser evitado em qualquer dos países capitalisticamente mais avançados. Dessa forma, seja o que for que os números das estatísticas apologéticas possam sugerir, já não é mais possível ocultar o alarme acerca dos registros de desemprego em ascensão constante no Japão e o aprofundamento da recessão econômica que isto implica. Na realidade, a dramática ascensão do desemprego nos países capitalistas avançados não é um fenômeno recente. Ela surgiu no horizonte - depois de 25 anos de uma expansão do capital no pós-guerra relativamente sem perturbações - com o princípio da crise estrutural do sistema do capital como um todo. Surgiu como a característica necessária e sempre em agravação desta crise estrutural. Consequentemente, argumentei em 1971 que sob as condições em desdobramentos do desemprego

"O problema não é mais apenas a condição difícil dos trabalhadores não qualificados mas também a de vastas quantidades de trabalhadores altamente qualificados que estão agora a perseguir, em acréscimo ao primitivo mar de desempregados, os escassos empregos disponíveis. Além disso, a tendência da amputação "racionalizante" já não está mais confinada aos "ramos periféricos da indústria envelhecida" mas abrange alguns dos mais desenvolvidos e mais modernizados sectores da produção - desde estaleiros navais e aviação à eletrônica, e da engenharia à tecnologia do espaço. Assim, já não estamos preocupados com os "normais", e bem aceites, subprodutos do "crescimento e desenvolvimento" mas sim com sua tendência para uma travagem, nem na verdade com os problemas periféricos dos "bolsões de subdesenvolvimento" e sim com uma contradição fundamental do modo de produção capitalista como um todo que converte até as últimas conquistas do "desenvolvimento", da "racionalização" e da "modernização" em fardos paralisantes de subdesenvolvimento crônico. E, acima de tudo, a agência humana que se considera como a receptadora final já não são as pessoas "desfavorecidas" socialmente e sem poder, multidão apática e fragmentada, mas todas as categorias de trabalho qualificado e não qualificado: i.e., objetivamente a força de trabalho total da sociedade".


Leia mais:
Fundação Lauro Campos, Zurdo-Zurdo, Resistir.info, Vinculando.org, MES,

quinta-feira, 22 de maio de 2008

Nota conjunta

FRENTE DE ESQUERDA SOCIALISTA NO VALE DO PARAÍBA

O PSOL – Partido Socialismo e Liberdade e o PSTU – Partido Socialista dos Trabalhadores Unificado, estiveram reunidos no último dia 17 de maio para discutir uma coligação para as eleições municipais de outubro no Vale do Paraíba. Foi aprovada a proposta de reeditar a Frente de Esquerda Socialista das eleições de 2006, da qual participaram PSOL, PSTU e PCB, e que apresentou as candidaturas da ex-senadora Heloisa Helena para presidente da República, de Plínio de Arruda Sampaio (PSOL) para governador, Mauro Iasi (PCB) para vice-governador e de Luis Carlos Prates-Mancha (PSTU) para senador.

O objetivo de nossos partidos é avançar em um programa socialista com propostas concretas para as cidades do Vale, que parta das questões centrais que hoje impedem o atendimento dos anseios populares em nossa região.

Para o PSOL e o PSTU, além de apontar os problemas que atingem a maioria da população, como o desemprego, a falta de moradia e segurança, transporte caro e ruim e o sucateamento da saúde e educação públicas, entre outros, trata-se também de indicar de onde virão os recursos para o investimento nessas áreas. Um dos pontos centrais a enfrentar é a crescente dívida pública e a Lei de Responsabilidade Fiscal, que têm asfixiado o país, os estados e os municípios.

Assim também se posicionam categoricamente como oposição ao governo Lula que, eleito com a esperança de milhões de trabalhadores, somente tem beneficiado os grandes capitalistas donos de bancos e das multinacionais. Tenta comprar o apoio da população com as migalhas do Bolsa Família e do Bolsa Escola, sem realizar as mudanças estruturais necessárias, dando continuidade à política neoliberal do antecessor FHC. Privatização de rodovias e empresas públicas, tolerância com a pilhagem de nossos recursos naturais e a aceleração do desmatamento da Amazônia, desvio de curso de rios como a transposição do Rio São Francisco e anúncio de construção da Usina Nuclear de Angra 3 são empreendimentos para atender principalmente os interesses dos banqueiros internacionais e das grandes empreiteiras (generosos financiadores de campanhas eleitorais).

Além disso, ao não realizar a Reforma Agrária e privilegiar o agronegócio e a produção de biocombustível, está levando o país a uma crise de produção alimentar e ao crescimento da inflação baseada fundamentalmente no aumento dos preços dos alimentos.

Em São José dos Campos, Jacareí, Taubaté e nas demais cidades do Vale, as prefeituras do PSDB, PT, PMDB e DEM seguem o mesmo caminho de beneficiar e favorecer os grandes empresários, aproveitando a grande arrecadação para construir obras eleitoreiras e não para resolver os problemas estruturais como as enchentes, o transporte público coletivo, creches e postos de saúde, dentre vários que afligem diariamente a população. E na luta dos trabalhadores, como a dos operários da General Motors e da Johnson, essa prefeituras ficam do lado dos patrões defendendo a diminuição dos salários e a retirada de direitos conquistados.

Portanto, o PSTU e o PSOL se unem na luta pela PELA REDUÇÃO DE JORNADA SEM REDUÇÃO DE SALÁRIO E DIREITOS E CONTRA O BANCO DE HORAS. E também, contra qualquer tipo de preconceito e discriminação, seja de raça, cor, sexo ou orientação sexual.

O leque de alianças fruto dessa união apresentará um projeto político coerente, chamando a integrá-lo todos aqueles que estão no dia a dia da luta em defesa dos direitos dos trabalhadores e da maioria da população esmagada pelo capital. Consequentemente, inexiste a possibilidade de aliança com partidos da base governista, da oposição de direita ou com partidos de aluguel, todos porta-vozes do mesmo projeto neoliberal.

Assinam pelos partidos:

Cabral Toninho

PSOL PSTU

terça-feira, 20 de maio de 2008

DIREITOS HUMANOS E LIBERDADE DE CULTO

Seis líderes bahá´ís são presos no Irã!

SEIS LÍDERES BAHÁ'ÍS DETIDOS NO IRÃ; O PADRÃO SE EQUIPARA ÀS REMOÇÕES FATAIS DOS ANOS 1980

Ligações: ABEN, news.bahai.org

NOVA IORQUE, 15 de maio de 2008 (BWNS) - Seis líderes bahá'ís no Irã foram detidos e levados à famigerada prisão de Evin, ontem, numa remoção ominosamente semelhante aos episódios ocorridos em 1980, quando grande número de líderes bahá'ís iranianos foram capturados de modo semelhante e mortos.Os seis homens e mulheres, todos membros do grupo de âmbito nacional que ajudavam a prover as necessidades mínimas dos bahá'ís do Irã, encontravam-se em suas casas ontem, quarta feira, quando agentes da inteligência do governo invadiram suas casas. Os agentes levaram até cinco horas vasculhando cada casa antes de levá-los. O Sétimo membro do grupo nacional de coordenação foi aprisionado no início de março em Mashhad depois de ser convocado pelo escritório do Ministério da Inteligência daquela cidade por causa de um assunto evidentemente trivial. ''Nós protestamos nos termos mais enérgicos contra a prisão dos nossos companheiros bahá'ís do Irã'', disse Bani Dugal, a principal representante da Comunidade Internacional Bahá'í nas Nações Unidas. ''Seu único crime é serem praticantes da Fé Bahá'í.''

''Especialmente perturbador é o modo como essa última remoção lembra a prisão indiscriminada dos membros de dois conselhos administrativos nacionais Bahá'ís no início dos anos 1980 - o que levou ao desaparecimento ou execução de 17 indivíduos'', disse ela. ''As invasões, no início da manhã, às casas desses bahá'ís proeminentes estavam bem coordenadas, e está claro que representam grandes esforços de novamente atingir os bahá'ís e intimidar livremente a comunidade Bahá'í iraniana'', disse a Sra. Dugal. Os aprisionados ontem foram: Sra. Fariba Kamalabadi, Sr. Jamaloddin Khanjani, Sr. Afif Naeimi, Sr. Saeid Rezaie, Sr.Behrouz Tavakkoli e Sr. Vahid Tizfahm. Todos vivem em Teerã.

A Sra. Kamalabadi, o Sr. Khanjani e o Sr. Tavakkoli foram anteriormente presos e libertados depois de períodos que variaram de 10 dias até quatro meses. Em Mashhad, no dia 5 de março de 2008, foi presa a Sra. Mahvash Sabet, que também reside em Teerã. A Sra. Sabet foi convocada a Mashhad pelo
Ministério da Inteligência, aparentemente com o motivo de responder a perguntas relacionadas ao sepultamento de um indivíduo no cemitério Bahá'í daquela cidade.


Em 21 de agosto de 1980, todos os membros da Assembléia Espiritual Nacional dos Bahá'ís do Irã foram raptados e desapareceram sem deixar vestígio. Certamente foram mortos. A Assembléia Espiritual Nacional dos Bahá'ís do Irã foi reconstituída logo em seguida, mas novamente foi assolada pela execução de oito de seus membros em 27 de dezembro de 1981. Vários dos membros de conselhos administrativos Bahá'ís de âmbito local, conhecidos como Assembléias Espirituais locais, também foram detidos e executados no início dos anos 1980, antes que um protesto internacional forçasse o governo a deter a execução de Bahá'ís.

Desde 1979, mais de 200 bahá'ís foram mortos ou executados no Irã, embora nenhum tenha sido executado desde 1998. Em 1983, o governo declarou ilegal todas as instituições administrativas formais Bahá'ís. Assim, a comunidade Bahá'í iraniana respondeu desmanchando sua Assembléia Espiritual Nacional, que é um conselho administrativo eleito, juntamente com cerca de 400 conselhos administrativos eleitos de âmbito local. Os bahá'ís em todo o Irã suspenderam também quase todas as suas atividades organizacionais regulares. O grupo coordenador informal de âmbito nacional, conhecido como os Amigos, foi estabelecido com o conhecimento do governo para auxiliar a prover as diversas necessidades da comunidade Bahá'í iraniana de 300.000 membros, que é a maior minoria religiosa do país.

segunda-feira, 19 de maio de 2008

SEGURANÇA ALIMENTAR

FOME: UM PROBLEMA SOCIAL MAIS DO QUE FALTA DE ALIMENTOS

A atual situação não deixa margem para ilusões: a crise alimentar resultou da total incapacidade do mercado de conduzir à segurança alimentar.

Os preços dos principais grãos, a saber trigo, milho, arroz e soja, em média duplicaram o preço (em dólar) no mercado internacional desde 2006. Nos últimos dois anos o preço médio (em dólar) dos fertilizantes no mercado internacional aumentou ao redor de 100%. O modo industrial de produzir na agricultura, baseado no uso intensivo de fertilizantes químicos, agrotóxicos e mecanização intensiva têm afetado o equilíbrio e a fertilidade dos solos em 20% de toda área cultivada. Sendo que em diversos países da África e da América central já afeta 70% da área cultivada.

No Brasil, o feijão aumentou 207,42% entre março de 2007 e fevereiro de 2008. Os números foram medidos pelo Dieese, que aponta o alimento como o grande responsável pela alta do custo de vida. A batata subiu 51,83%, o leite, 25,18%, a carne bovina, 21,63% e o leite em pó, 46,99%. São itens cujo aumento afeta diretamente o bolso e a mesa das famílias de todos os trabalhadores. Por sua vez, a Fundação Getúlio Vargas mediu um aumento de 15,65% no preço do óleo de soja apenas em janeiro e fevereiro deste ano. Em 2007, o óleo já tinha sofrido uma alta de 36%.

Em São Paulo, a cesta básica subiu 17,9%, fechando 2007 como a mais cara do país (R$ 223,94). Na seqüência, vem Porto Alegre (R$ 216,12), seguida pelo Rio de Janeiro (R$ 214,66) e Belo Horizonte (R$ 213,48).

Segundo um cálculo do Dieese, o trabalhador que ganha um salário mínimo precisou cumprir, em média, uma jornada de 102 horas e 16 minutos para comprar a cesta básica. O mesmo estudo aponta que só em São Paulo o trabalhador que recebe um mínimo teve de trabalhar quase 119 horas em março para poder comprar alimentos essenciais. De acordo com o estudo, a compra da cesta comprometeu 50,53% do rendimento destes trabalhadores.


AS CAUSAS DO AUMENTO DO PREÇO DOS ALIMENTOS NO MUNDO

Por que os preços dos alimentos sobem em todo mundo, inclusive no Brasil?
O aumento de preços tem razões profundas e outras mais imediatas, mas é principalmente um reflexo do agronegócio e da globalização na produção agrária em todo o mundo. As grandes empresas do agronegócio controlam o campo, o que leva a conseqüências muito sérias: o agravamento da concentração das terras (com a expulsão dos camponeses do campo) e a regulação dos preços dos alimentos pelo mercado mundial (o que encarece os produtos). No fim das contas, existe a perda da soberania alimentar dos países, que deixam de produzir a comida necessária para a população, dirigindo a produção para a exportação.

A alta dos preços é resultado de três fatores:

1- Cerca de apenas 40 grandes empresas transnacionais com sede nos Estados Unidos e na Europa, que subordinando outras empresas medianas, controlam toda a produção e comércio agrícola do mundo. Essas empresas controlam tanto os insumos agrícolas, como sementes, agrotóxicos e fertilizantes, como o comércio da produção agrícola no mundo). No período de 2006 e 2007, todas essas empresas tiveram aumento em suas taxas de lucro líquido, uma média de 60% ao ano.

2- A especulação financeira está atacando a agropecuária! Como há uma crise do setor financeiro, investidores que não conseguem mais ganhar dinheiro com juros estão especulando com produtos minerais e agrícolas.

3- Os governos praticamente não têm mais nenhum controle dos estoques de alimentos. Quase tudo foi desarticulado pela onda neoliberal. Os governos controlam no máximo as estatísticas do volume de produtos agrícolas estocados, mas o seu controle é feito pelo capital privado.

4- Diminuiu a área de cultivo de alimentos voltados para o mercado interno, que vem sendo substituído por lavouras para a exportação e para a indústria. Vem decaindo ano a ano a produção de produtos básicos dos hábitos alimentares brasileiros, como mandioca e feijão. Na região centro-sul, mais próxima dos portos e de maior fertilidade, a cana-de-açúcar substituiu as lavouras de milho, mandioca e feijão, bem como a pecuária de leite e a pecuária de corte.

A expansão do eucalipto e a da cana de açúcar, que pretende dobrar a área cultivada em poucos anos, devem trazer enormes conseqüências ambientais, como a escassez de água e o aumento da poluição do ar por conta da queima da palha do canavial.

HISTÓRICO

Desde 1960 a produção de grãos no mundo aumentou em mais de 300%. A disponibilidade de alimentos por pessoa aumentou em 24%. E a produtividade média da agricultura nesse período aumentou em 150%. Nesse mesmo período, a população mundial cresceu apenas 100%, de 3 para 6,2 bilhões. Os países que mais consomem alimentos, por outro lado, continuam sendo os mais ricos:

Nos países ricos a população gasta cerca de 10% de sua renda com alimentação. Nos países pobres, a classe chamada média gasta 50% e os mais de 80%! Atualmente, em todo mundo, cerca de 100 mil pessoas morrem de fome todos os dias, em especial crianças e idosos. A fome causada por problemas climáticos atinge apenas 5% dos famélicos. Os demais 95% passam fome por problemas estruturais da economia e da política e vivem em países que poderiam produzir seus próprios alimentos.

Em 1960 se estimava que houvesse 80 milhões de pessoas que passavam fome. Em 2006, eram já 880 milhões. Mais de 60% das pessoas que passam fome vivem no meio rural. Cerca de 515 milhões vivem na ÁSIA, cerca de 24% de toda população continental, enquanto que 186 milhões vivem na África, onde a fome chega a 34% da população do continente.

Até 1960 a maioria dos países era auto-suficiente na produção dos alimentos de seus povos, com exceção de países com muitas dificuldades climáticas nas regiões da África. Hoje, 70% de todos os paises do hemisfério sul são importadores de alimentos. Neles, 122 paises, vivem 4,8 bilhões de pessoas. Há atualmente 33 países no mundo que estão em completa crise alimentar e instabilidade social. Estes países não conseguirão mais, com o atual modelo de agricultura industrial alimentar sua população.

Na atualidade, o crescimento da produção de biocombustíveis pode a médio ou largo prazo também aprofundar o problema. A produção de etanol no Brasil cresce rapidamente, diminuindo a área destinada à produção de alimentos. A isso se agrega a especulação com os alimentos, conseqüência do início da crise, e o deslocamento dos capitais especulativos para este “filão lucrativo”. Isso é só o início de um processo que terá conseqüências bem mais graves, com a generalização da recessão econômica que começou nos EUA.

O QUE É PRECISO FAZER?

As comunidades rurais e os movimentos sócio-ambientais devem ter voz decisiva na formulação das políticas para a produção de alimentos em harmonia com a natureza e as necessidades da sociedade. É preciso que o Estado retome com toda força as políticas agrícolas, porém agora voltadas apenas para agricultura ecológica e camponesa.

As principais políticas agrícolas necessárias são: planejamento ambientalmente sustentável das atividades econômicas do setor primário, crédito rural subsidiado na produção, garantia de compra da produção camponesa, seguro agrícola, assistência técnica e extensão rural do Estado (gratuita), sistema de armazenamento público. A produção dos bio-combustíveis deve subordinar-se à política de soberania alimentar e energética, ou seja, que não substitua áreas de produção de alimentos, mas que seja combinada em pluricultura. Assim, cada comunidade pode produzir, sem monocultivo, a energia que precisa para seu bem-estar.

terça-feira, 13 de maio de 2008

UM EXEMPLO PARA O MUNDO: INCLUSÃO

ATÉ MESMO AS CRIANÇAS MAIS PREJUDICADAS PODEM APRENDER

Do documentário de 1992 da BBC, As Borboletas de Zagorsk:
Na União Soviética, a filosofia de que toda criança pode ser transformada pelo tipo correto de ensino está lutando para sobreviver. Mas, no ocidente ela ainda precisa ser descoberta.



Ver a continuação pelos líames a seguir:

As Borboletas de Zagorsk Parte 2
As Borboletas de Zagorsk Parte 3
As Borboletas de Zagorsk Parte 4
As Borboletas de Zagorsk Parte 5
As Borboletas de Zagorsk Parte 6


sexta-feira, 2 de maio de 2008

POLÍTICA DE INSEGURANÇA PROSSEGUE

Segurança Pessoal e Direitos Humanos

SOB O SIGNO DA MORTE
Léo Lince

Ligação: Fundação Lauro Campos

O Rio de Janeiro continua lindo, mas exibe em seu cenário maravilhoso um espetáculo sombrio: um dia de cão atrás do outro. Como se não bastassem os mortos na epidemia de dengue, vítimas da incúria de maus governantes, o chumbo quente da truculência policial espalha cadáveres nos guetos pobres da cidade. Nas chacinas que se repetem, a Vila Cruzeiro foi o calvário da vez. Antigamente, os esquadrões da morte operavam na clandestinidade, agora cravam bandeiras no local do crime e ostentam, com orgulho, a licença para matar.

A mal chamada política de segurança do governo Cabral, além de criminosa, produz conseqüências ainda mais drásticas por ser equivocada. O governador ainda não descobriu que a morte não acaba nada, mesmo quando se organiza em poderosos esquadrões oficiais. Os estudiosos mais sérios da questão estão cansados de alertar: o caminho é outro. O combate ao crime que inferniza o cotidiano do cidadão é uma necessidade inadiável. Ninguém contesta. Mas a linha adotada, a repressão truculenta e desorientada, só tem feito agravar a espiral de violência.

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HISTÓRIA DO PRIMEIRO DE MAIO

DATA MARCOU A LUTA DOS TRABALHADORES MORTOS DURANTE GREVE

Ligação: PSTU

A data do 1º de Maio foi escolhida para lembrar os cerca de 80 trabalhadores mortos em uma greve nos Estados Unidos, em 1886, pela redução da jornada de trabalho para oito horas diárias.

Hoje, 112 anos depois, a maior parte dos trabalhadores cumpre uma jornada superior a essa, sem considerar o tempo gasto no transporte ou, no caso das mulheres, na dupla e tripla jornada de trabalho.

A exploração dos trabalhadores aumentou sob o governo Lula, com baixos salários e perda de direitos trabalhistas. Hoje, uma imensa parte da classe trabalhadora está terceirizada, sem registro em carteira ou associada a "cooperativas", criadas pelos patrões para burlar a legislação trabalhista.
O banco de horas e medidas como as metas de produção fazem com que praticamente todo o tempo do trabalhador seja dedicado a garantir o lucro de seu patrão.

Assim, não há o que comemorar em mais um 1º de Maio sob o governo Lula. Neste dia, é preciso sair às ruas, por aumento de salários, pela redução da jornada sem redução de direitos, contra as reformas, pela extinção do fator previdenciário, pela reforma agrária e contra a transposição do São Francisco, contra os ataques às universidades e pela retirada das tropas brasileiras do Haiti.