sexta-feira, 30 de maio de 2008

AMBIENTE

Mais celulose: Os planos da Stora Enso
Plano para duplicar a Veracel entra na reta final - 29/05/08

Ligações: Netmarinha, Valor Econômico

Na estratégia de crescimento da gigante mundial do setor de celulose e papel, o grupo sueco-finlandês Stora Enso, que faturou 13,4 bilhões de euros no ano passado, o Brasil ganha cada vez mais um papel relevante. Isso trouxe ao país, pela primeira vez, o principal executivo da companhia, Jouko Karvinen, que está no cargo há 14 meses e comanda um profundo processo de reestruturação.

Karvinen esteve no país por dias dias e um deles foi dedicado a visitar a Bahia, onde está seu principal projeto de produção no país, a Veracel, fabricante de celulose de eucalipto. Detém 50% de participação na empresa, numa parceria com a brasileira Aracruz, dona da outra metade. O objetivo da viagem foi anunciar que foi tomada a decisão de fazer o estudo final de viabilidade para mais que duplicar essa fábrica, instalada no sul do Estado.

Karvinen evitou falar em tamanho e valor do investimento do novo empreendimento. "É muito cedo ainda; os estudos finais, que levarão de 12 a 15 meses, é que definirão isso", afirmou. Mas deu uma pista. "A nova fábrica da Aracruz, no Rio Grande do Sul, está estimada em US$ 2,6 bilhões". É sabido no setor que o custo de instalação de uma tonelada fica na casa de US$ 2 mil, o que resultaria numa fábrica de 1,3 milhão de toneladas.

A Veracel - que custou US$ 1,2 bilhão - produz mais de 1 milhão de toneladas de celulose por ano. Começou a operar em 2005, com 900 mil toneladas, mas esse patamar já foi rompido além de 10%. "Fomos anunciar nossa decisão ao governador da Bahia, mas dependemos também de um ponto importante - o licenciamento ambiental", afirmou o executivo. Ele admitiu que é uma questão crítica, que foi um dos temas da conversa com o governador baiano, mas que a licença, em si, não preocupa. "Temos de seguir as leis do país".

Essa licença abrange também a área de plantio de novas florestas de eucaliptos, fundamental para erguer a nova fábrica, observou Karvinen. Hoje, a Veracel conta com 88 mil hectares próprios de florestas plantadas e outros 16 mil de parceiros na região. Para assegurar a matéria-prima da segunda linha, terá de contar com pelo menos mais 70 mil hectares.

Para o executivo, a Veracel II tem de ser um bom projeto - eficiente para garantir o retorno esperado do capital investido - porque ele concorre em recursos humanos e financeiros com outros na China (este já em estágio bem avançado) e na Rússia. Além desses, o grupo tem planos de uma nova fábrica no Rio Grande do Sul e outra no Uruguai.

A unidade gaúcha enfrenta, no momento, o problema de suas terras para plantio de eucaliptos encontrarem-se na chamada zona de fronteira com o Uruguai. Pelas leis brasileiras, não é permitido que companhias estrangeiras instalem projetos nesse espaço. A Stora Enso busca uma solução para o caso junto ao Incra e ao Conselho de Defesa Nacional. Enquanto isso, já plantou 9 mil hectares e começou outros 10 mil neste ano em áreas em nome de terceiros. Admite que isso irá atrasar o projeto.

Desde que assumiu o cargo, Karvinen já se desfez de ativos nos Estados Unidos (ficou só com 20% de participação), fechou fábricas antigas e de alto custo na Suécia e Finlândia e vendeu o negócio de distribuição na Europa. "Se acham que essas mudanças e outras foram um tanto puxadas, não viram nada ainda", disse, sinalizando que ele dará um choque profundo na companhia. A Stora Enso é resultado da fusão, em 1998, da estatal finlandesa Enso com a empresa privada sueca Stora.

Essa união formou um grupo que hoje tem capacidade para fazer 13,1 milhões de toneladas de papel e cartão , além de produtos serrados de madeira, com presença em 40 países. O desafio agora é melhorar os resultados da empresa. "Eles ainda não aceitáveis". Hoje, ele enfrenta o problema do dólar fraco frente ao euro e a elevação de custos da fibra obtida com madeira russa, encarecida com imposto de exportação.

Projetos mais competitivos em custos, como os do Brasil, farão parte da plataforma futura da empresa, suprindo com celulose suas fábricas de papel na Europa. Karvinen destacou: "Uma fábrica como a Veracel, além do baixo impacto ambiental tem um dos mais baixos custos de produção do mundo"

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